Quando Sergio Moro aceitou ingressar na política (coisa que, aliás, jurou que jamais faria no auge da Operação Lava-Jato), aconteceu o previsível: ele passou de vitrine a vidraça. As primeiras pedradas em cima do pré-candidato do Podemos à Presidência vieram na forma de críticas pela falta de carisma e pelo excesso de propostas genéricas. Mas nada disso se compara ao ataque iniciado no fim do ano passado, época em que começaram a circular nos bastidores de Brasília boatos sobre uma espetacular remuneração que o ex-juiz teria recebido por sua rápida passagem pela iniciativa privada depois de abandonar o Ministério da Justiça. Durante dez meses, Moro prestou serviços em Washington, nos Estados Unidos, à consultoria americana Alvarez & Marsal. Desde o começo, a relação já havia provocado polêmica. Afinal, trata-se da mesma companhia responsável no Brasil pela recuperação judicial de várias empresas que foram à lona depois de processos conduzidos por Moro.
A possibilidade de o ex-juiz ter enriquecido com honorários recebidos justamente dessa empresa aumentaria em muitos decibéis o nível de um escândalo, que poderia ser fatal à pretensão dele de chegar ao Palácio do Planalto (Moro figura na terceira posição nas pesquisas). Logo no anúncio da contratação, de forma a tentar desanuviar qualquer suspeita, a Alvarez emitiu um comunicado garantindo que o trabalho a ser executado pelo novo funcionário não teria nenhuma relação com os processos de companhias como a Odebrecht, uma das principais clientes da consultoria por aqui. Mais recentemente, quando começaram a aparecer notas na imprensa especulando sobre a remuneração do ex-juiz nesse período, o próprio Moro veio a público rebater as insinuações. Em entrevista exclusiva publicada na última edição de VEJA, ele afirmou: “Não sou milionário e nem fiquei milionário na carreira privada”.
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