O Departamento de Estado dos Estados Unidos emitiu um alerta vermelho sobre o Haiti e insta os americanos a deixarem o país o mais rápido possível.
Em um comunicado de advertência publicado em seu site, uma cópia do qual foi enviada para a redação da Caribbean Television Network, o Departamento de Estado dos Estados Unidos faz um apelo urgente e inequívoco aos cidadãos americanos que pretendem viajar para o Haiti. “Não viaje para o Haiti”, adverte o Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Essa decisão é tomada “devido a sequestros, crimes, distúrbios civis e à falta de infraestrutura de atendimento médico”, conforme consta no comunicado.
Para aqueles que estão atualmente no Haiti, o governo dos Estados Unidos é muito claro.
“Os cidadãos americanos no Haiti devem considerar a possibilidade de deixar o país imediatamente, utilizando meios de transporte comerciais ou outros disponíveis de forma privada, dadas as condições atuais de segurança e os desafios de infraestrutura”, afirmou o Departamento de Estado, que também instou seus cidadãos a permanecerem alertas e a buscarem informações através da mídia local antes de deixarem suas residências. “Os cidadãos americanos que desejam deixar Porto Príncipe devem monitorar as notícias locais e fazê-lo apenas quando se sentirem seguros”.
O Departamento de Estado toma essa medida excepcional em um momento em que os olhos estão voltados para a administração americana em busca de uma solução para a crise. Um desejo piedoso, dado a incapacidade de Washington de fazer prevalecer a razão junto aos diferentes atores políticos envolvidos na crise.
Em seu comunicado enviado para a Caribbean Television Network, o Departamento de Estado observa que muitos cidadãos americanos estão entre as vítimas de atos de violência no Haiti.
“Sequestros são frequentes e as vítimas geralmente incluem cidadãos americanos. Crimes violentos, como assaltos à mão armada, sequestros de carros e sequestros para resgate, incluindo cidadãos americanos, são comuns”.
Para aqueles que, apesar dessa advertência, desejam absolutamente correr o risco, o governo dos Estados Unidos insta a redigir um testamento e a tomar as seguintes medidas antes de viajar para o Haiti:
“Antes de decidir viajar para uma área de alto risco após cuidadosa consideração, se você optar por viajar para áreas de alto risco, recomendamos enfaticamente que inscreva sua viagem no Programa de Inscrição de Viajantes Inteligentes (STEP) do Departamento de Estado e redija um testamento e designe os beneficiários apropriados de seu seguro, bem como um procurador”, afirma o alerta.
Também é aconselhável para os americanos que estão pensando em viajar para o Haiti “estabelecer um plano de segurança pessoal em coordenação com seu empregador ou organização anfitriã, ou considerar consultar uma organização de segurança profissional; desenvolver um plano de comunicação com sua família, empregador e organização anfitriã para monitorar sua segurança e localização; especificar um ponto de contato chave que você contataria primeiro em caso de emergência, planejar como essa pessoa compartilharia informações com o grupo e identificar as principais fontes de assistência para você e sua família em caso de emergência, como a embaixada ou consulado americano local, o FBI, o Escritório de Serviços a Cidadãos Americanos do Departamento de Estado, seu empregador (se estiver viajando a negócios) e amigos e familiares locais na área de alto risco”.
Também são incentivados a aprender a usar seus telefones ou outros dispositivos inteligentes para compartilhar sua localização com amigos e familiares enquanto estão no exterior.
O Departamento de Estado também tem algumas diretrizes para aqueles que podem ser alvo de sequestro:
“Planeje agora no caso de sequestro.
Estabeleça um protocolo de prova de vida com seus entes queridos, para que, se forem feitos reféns, saibam quais perguntas (e respostas) fazer aos sequestradores para garantir que você está vivo (e eliminar um possível engano); deixe amostras de DNA com seu provedor médico, caso sua família precise acessá-las; discuta um plano com seus entes queridos sobre a guarda de crianças, animais de estimação, propriedades, pertences, ativos não líquidos (coleções, obras de arte, etc.), desejos funerários, etc.
Compartilhe informações importantes, como documentos, informações de login e pontos de contato com seus entes queridos, para que possam gerenciar seus assuntos se você não puder retornar aos Estados Unidos conforme planejado.
Para aqueles que desejam obter mais informações, podem entrar em contato com a Embaixada dos Estados Unidos no Haiti ligando para os seguintes números: +(509) 2229-8000 / 2229-8900
Número de emergência fora do horário comercial: +(509) 2229-8000:
Fax: +(509) 2229-8027
Email: acspap@state.gov
Em uma entrevista com a Caribbean Television Network, o ex-enviado especial dos Estados Unidos para o Haiti, Daniel Foote, apontou as responsabilidades históricas dos Estados Unidos na desestabilização do Haiti. Em particular, denunciou as flagrantes interferências dos Estados Unidos, que frequentemente escolhem os líderes haitianos em vez do povo haitiano.
Daniel Foote não é o único ex-funcionário dos Estados Unidos a denunciar a responsabilidade dos Estados Unidos nos problemas do Haiti.
Em uma entrevista ao jornalista da Slate e da MSNBC, Jason Johnson, o ex-embaixador dos Estados Unidos na África do Sul enfatizou o profundo envolvimento dos Estados Unidos na desgraça do Haiti.
É importante lembrar que Ariel Henry foi nomeado primeiro-ministro após um tweet da então embaixadora dos Estados Unidos no Haiti, Michele J. Sison, que ignorou as propostas de vários setores vitais que haviam proposto uma saída para a crise.
Nota: As citações foram retiradas da nota do Departamento de Estado, que foi traduzida para o português. Pode haver pequenas diferenças em relação ao texto original. Recomendamos enfaticamente que leia a nota original clicando no link abaixo.