A notícia chegou como um trovão. A lendária jornalista haitiana Liliane Pierre-Paul faleceu na segunda-feira após sofrer um ataque cardíaco. A notícia da morte da directora de programas da Rádio Kiskyea foi anunciada nas ondas de rádio da sua estação.
Liliane Pierre Paul iniciou a sua carreira na Radio Haïti Inter. Durante mais de 35 anos, “Lili” empenhou-se na luta pela liberdade de expressão e pela melhoria das condições de vida do povo haitiano.
Torturada e presa durante a ditadura de Duvalier, Liliane Pierre Paul foi obrigada a exilar-se, juntamente com outros jornalistas. Mas ela não desistiu.
De regresso ao seu país, Liliane Pierre Paul co-fundou a rádio-télé Kiskeya, onde foi a principal apresentadora do popular noticiário das 4 horas.
Ao longo da sua vida, Lili manteve-se firme na sua luta pelo respeito dos direitos humanos. Os seus problemas de saúde não a impediram de participar, há cerca de quinze dias, na marcha das associações de imprensa para exigir a libertação de Pierre Louis Opont, coproprietário da Télépluriel, mantido refém pelos seus raptores durante quase um mês e meio.
Os repetidos ataques contra ela durante o governo de Michel Martelly não foram suficientes para a silenciar.
A morte da icónica Liliane Pierre Paul é uma grande perda para o Haiti e para o mundo”, lamentam os dirigentes das organizações sociais e camponesas, alguns dos quais consideram que a morte súbita da directora de programas da Radio Kiskeya está ligada à situação insalubre do Haiti, mergulhado numa grave crise política, de segurança e humanitária.
Nascida em Petit-Goâve, uma cidade a cerca de 68 quilómetros de Port-au-Prince, Liliane Pierre Paul morreu aos 70 anos de idade.
Durante a sua carreira, foi condecorada por organizações no Haiti e no estrangeiro.