“Não tenho conhecimento e informação de antemão para atestar ou negar a veracidade da informação. O que nós entendemos é que há uma convenção de armas biológicas em vigor, que contém procedimentos de verificação de denúncias para investigação e qualquer denúncia deve ser investigada de forma séria, transparente e imparcial, para assegurar que os compromissos de todas as partes da convenção estão a ser respeitados”, avaliou Ronaldo Costa Filho, chefe da missão diplomática brasileira, que integra o Conselho de Segurança da ONU como membro não-permanente (2022-2023).
Desde a semana passada que o embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, tem convocado o Conselho de Segurança da ONU sob o pretexto de que a Ucrânia possui dezenas de laboratórios biológicos experimentais perigosos para criar agentes patogénicos, como a cólera, financiados pelo Governo norte-americano.
Contudo, essas alegações têm sido amplamente condenadas pela maioria dos diplomatas, que acusam Nebenzya de mentir, de usar o seu assento permanente no Conselho de Segurança para espalhar desinformação e para fazer propaganda favorável ao Kremlin.
Mas países como o Brasil e China defendem que qualquer informação sobre armas biológicas deve ser levada a sério e investigada por órgãos independentes e isentos.
“A ONU diz que não tem conhecimento (de armas biológicas na Ucrânia), o que é diferente de dizer que não existem. Por isso o Brasil reitera a sua posição: se há uma denúncia, deve ser investigada imparcialmente”, reforçou o diplomata.
Em entrevista à Lusa em Nova Iorque, Ronaldo Costa Filho negou ainda que o Brasil tenha sofrido “pressões” de qualquer um dos lados do conflito, dois dias após Vasily Nebenzya afirmar que tem recebido denúncias de aliados de que estariam a ser pressionados para não apoiar a Rússia na ONU.
“Para quem vê de fora, a palavra pressão soa um pouco incisiva, de imposição, mas não há…