O seu nome é Daniel Lewis Foote. Diplomata de carreira, tem representado os Estados Unidos em vários países. A sua última missão foi ao Haiti de Julho a Setembro de 2021.
Até há pouco tempo, era pouco conhecido do público haitiano. Contudo, foi ele que impediu que o pior acontecesse no Haiti.
Em geral, os diplomatas são supostos representar os interesses do seu país. E é isto que Daniel Foote tem feito durante muitos anos no Haiti. Como assistente de Kenneth Merten na embaixada dos EUA em Porto Príncipe em 2010, ele foi testemunha ocular da flagrante interferência dos EUA no Haiti quando a então Secretária de Estado norte-americana Hilary Clinton impôs Sweet Micky (nome artístico de Michel Joseph Martelly) como presidente do país.
Para prosseguir a política do governo americano, foi nomeado enviado especial ao Haiti a 22 de Julho de 2021.
Numa longa declaração tornada pública, o porta-voz do Departamento de Estado tinha dito:
“O Departamento de Estado tem o prazer de anunciar que o Embaixador Daniel Foote, membro da carreira do Serviço de Estrangeiros Sénior, irá servir como seu Enviado Especial ao Haiti. O enviado especial irá colaborar com parceiros haitianos e internacionais para facilitar a paz e a estabilidade a longo prazo e apoiar os esforços para a realização de eleições presidenciais e legislativas livres e justas. Trabalhará também com parceiros para coordenar esforços de assistência em várias áreas, incluindo assistência humanitária, segurança e investigação. Além disso, o Enviado Especial envolverá as partes interessadas da sociedade civil e do sector privado enquanto procuramos soluções lideradas pelo Haiti para os muitos desafios urgentes que o Haiti enfrenta.
A isto seguiu-se um tweet do Secretário de Estado Anthony Blinken:
“É com prazer que anunciamos que o Embaixador Daniel Foote, membro da carreira do Serviço Externo Sénior, irá servir como Enviado Especial para o Haiti para liderar, juntamente com o Embaixador dos EUA, os nossos esforços para apoiar o povo haitiano após o assassinato de Jovenel Moïse”.
Nesta posição, Dan Foote, como é conhecido no Departamento de Estado, foi encarregado de facilitar “uma saída para a crise haitiana”. Uma crise, deve ser admitida, criada, alimentada e explorada pelos próprios americanos.
Assim que foi nomeado, Daniel Foote começou a reunir-se com todos os sectores da vida nacional. Talvez por ingenuidade ou optimismo, o diplomata acreditou que o seu chefe seguiria as suas recomendações para facilitar o estabelecimento de um governo de transição de acordo com os desejos da grande maioria dos sectores vitais da sociedade civil haitiana. Mas isto sem contar com a tenacidade de Michèle Sisson e Hélène Lalime, respectivamente a então embaixadora dos EUA e a representante do Secretário-Geral da ONU no Haiti, que queriam manter o status quo a todo o custo.
Logo no primeiro dia do assassinato de Jovenel Moise, a Sra. Lalime já tinha convocado uma reunião extraordinária na ONU para anunciar que a transição seria assegurada pelo então primeiro-ministro de facto Claude Joseph, que já se via como presidente do Haiti. Em menos de 48 horas, a atenção dos “Mestres” foi dirigida para Ariel Henri.
Vendo a determinação da comunidade internacional liderada pelos Estados Unidos, Daniel Foote não encontrou outra forma de derrotar este plano senão demitir-se e denunciar publicamente a crueldade da administração de Joe Biden em relação ao Haiti, aceitando assim a reforma antecipada.
Embora os problemas ainda não estejam resolvidos, e alguns poderão mesmo dizer com razão que a situação piorou, a demissão de Daniel Foote terá servido para realçar a crueldade dos Estados Unidos, colocar o Haiti mais no centro das atenções internacionais, e reacender o debate sobre a necessidade de uma solução haitiana para a crise.
Para muitas pessoas, Daniel Foote é um político haitiano que é altamente crítico dos abusos do grupo PHTK e seus aliados, mas para outros, ele é o herói que deu aos haitianos a esperança de que talvez um dia possam ter um país onde possam viver melhor.