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No início de Abril de 2020, devido à emergência sanitária causada pelo Covid-19, as autoridades municipais de Cap-Haitien expulsaram da praça Toussaint Louverture, comummente chamada “Plas ri 3”, pequenos comerciantes que a utilizavam há mais de trinta anos para as suas actividades comerciais.
Alguns dias mais tarde, a Câmara Municipal de Cap-Haitien, através do seu serviço de comunicação, anunciou o reinício dos trabalhos de reconstrução da praça e a sua inauguração estava prevista para Agosto de 2020, por ocasião da celebração do 350º aniversário da fundação da segunda cidade do país.
Esta promessa, fortemente aplaudida por muitos, também suscitou a ira dos ocupantes do local, na sua maioria comerciantes de todo o tipo de bens em segunda mão que utilizam este espaço para ganharem a sua vida diária.
Os resultados dos confrontos entre a polícia e os opositores foram uma morte, vários ferimentos e detenções. A Câmara Municipal de Cap-Haitien tomou o controlo do espaço e fechou-o. Os modelos do futuro edifício estavam a circular nas redes sociais, os comentários estavam a chegar, e as autoridades municipais disseram que estavam abertos a todas as propostas.
A fim de acalmar a situação, a Câmara de Comércio e Indústria do Norte iniciou um diálogo entre os comerciantes deslocados e o Município. As autoridades municipais mantiveram-se firmes na sua decisão, não se tratava de deixar os mercadores ocuparem novamente a praça. No entanto, concordaram que deveria ser encontrado um local para realojar os comerciantes cuja sobrevivência depende das suas vendas diárias.
A mediação prosseguiu e no início de Maio de 2020 foi alcançado um acordo entre os antagonistas. Os antigos ocupantes da praça foram autorizados a expor novamente os seus produtos durante um período de 3 dias por semana durante 5 semanas até que o espaço que os alojaria permanentemente estivesse pronto.
Entretanto, com o passar dos dias, as autoridades municipais baixaram a guarda, e os comerciantes aproveitaram a situação para regressarem aos seus antigos pontos de venda. E desde então, o mercado tem continuado a crescer. Hoje, com a sua fusão com o mercado Clugny, é quase impossível delimitá-lo. O centro da cidade de Cap-Haitian tornou-se um vasto mercado que se estende ao longo de vários quilómetros desde as ruas 12 A-L até Barriere Bouteille, sem esquecer o mercado Pont Neuf na entrada oriental da cidade.
Esta herança, que leva o nome do Primeiro dos Negros, precursor da independência, Toussaint Louverture, foi outrora transformada num mercado público informal, e custou a vida de vários cidadãos, quer durante as tentativas de relocalização pelas autoridades, quer porque criminosos notórios utilizaram as instalações anárquicas dos comerciantes para cometer roubos, violações ou assassinatos.
Em Agosto de 2022, mais de dois anos após as últimas tentativas de relocalização dos comerciantes e as promessas de reconstrução feitas pelas autoridades municipais, o silêncio radiofónico – o que não parece surpreender ninguém! A reconstrução da Place Toussaint Louverture foi simplesmente acrescentada à longa lista de promessas quebradas feitas pelas autoridades haitianas. O vasto mercado e as suas pilhas de resíduos mal geridas continuam a ganhar terreno.
Roodsam Jerome